Campanha Todos Contra a Hanseníase ganha novos parceiros

Campanha educativa da Sociedade Brasileira de Hansenologia pretende esclarecer a população, educadores e profissionais de saúde sobre a doença

A Fundação Alfredo da Matta (FUAM), centro internacional de referência em hanseníase, localizada em Manaus (AM), e a Dahw-Fundhans (explicar rapidamente), acabam de anunciar parceria com a Sociedade Brasileira de Hansenologia (entidade fundada em 1948 e responsável pela certificação dos médicos hansenologistas brasileiros, além de promover treinamento para profissionais de saúde em todo o Brasil) para a campanha Todos Contra a Hanseníase.

O objetivo é alertar a sociedade para o alto número de casos de hanseníase no Brasil – o país ocupa o segundo lugar no ranking mundial da doença, atrás apenas da Índia. Em 2014, o Brasil foi responsável por 90,8% dos casos de hanseníase nas Américas e diagnosticou mais de 31 mil casos novos; ou seja, quase o mesmo número de casos de HIV/AIDS diagnosticados no mesmo ano no país.

A doença

Hanseníase tem cura e tratamento gratuito em todo o Brasil, mas é uma doença transmissível e de difícil diagnóstico, especialmente em seu estágio inicial – o doente deixa de transmitir hanseníase quando começa o tratamento. Como o bacilo fica incubado por vários anos, o protocolo médico exige avaliação de todos os comunicantes (amigos, familiares) de cada paciente diagnosticado com a doença.

A doença pode se manifestar com manchas avermelhadas ou esbranquiçadas na pele. Essas áreas perde​m a sensibilidade: o paciente não sente dor, frio, calor ou mesmo um toque porque tem os nervos afetados. E o doente também pode perder força para segurar objetos. Hanseníase é ainda a doença infecciosa que mais causa cegueira. Porém tem cura. O tratamento é gratuito em todo o Brasil.

A hanseníase é conhecida como “doença negligenciada”, raramente é discutida nas escolas e pelas famílias e isso colabora para aumentar o número dos doentes em todo o Brasil. Muitos deles nem sabem que estão doentes, pois é uma doença de difícil diagnóstico, principalmente nas formas mais iniciais. “Por isso, é fundamental que as pessoas estejam sempre atentas, prestando atenção ​na pele​, avaliando sua sensibilidade​ e a presença de manchas​”, alerta o médico Marco Andrey.

Campanha

A campanha #TodosContraaHanseníase conta com apoio do Centro de Referência Nacional de Dermatologia Sanitária com Enfoque em Hanseníase. E vai trabalhar o tema hanseníase em escolas, empresas, ONGs, clubes de serviço, sindicatos etc. “O objetivo é que o tema volte às salas de aula, pois hanseníase é uma doença que cresce silenciosamente”, alerta o presidente da SBH, professor Marco Andrey Cipriani Frade. Para popularizar o tema, a entidade lançou página na rede social Facebook: www.facebook.com/todoscontraahanseniase.

A SBH elencou como objetivos da campanha:

• Chamar a atenção da sociedade civil para o alto número de casos no Brasil.
• Orientar a população para que adultos e crianças saibam mais sobre a doença, sintomas e tratamento.
• Alertar educadores para que voltem a tratar do tema hanseníase na escola.
• Alertar a população contra o preconceito.

Números no Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hanseníase é considerada sob controle quando atinge até 1 caso para 10 mil habitantes. Alguns estados brasileiros têm índices alarmantes: Roraima, Pará, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Tocantins. O Mato Grosso chega a 10,19 casos por 10 mil habitantes. São regiões hiperendêmicas.

A SBH está preocupada com o alto número de crianças de até 15 anos com a doença. “Isso mostra que o paciente teve contato com a doença muito jovem – em casa ou na escola, por exemplo – pois a hanseníase fica incubada por muitos anos e só se transmite de pessoa doente sem tratamento para pessoa saudável”, explica o médico Marco Andrey Cipriani Frade.  A entidade chama a atenção para o diagnóstico tardio da hanseníase, quando o paciente já apresenta sequelas irreversíveis.

Sobre a SBH

A SBH existe desde 1948 e é a entidade responsável pela certificação dos médicos hansenologistas no Brasil. Juntamente com a Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Mato Grosso do Sul, tem trabalhado intensamente na elaboração de novas diretrizes e cursos “on-line” pela UNASUS (Universidade Aberta do SUS) voltados a profissionais da atenção básica.

Sobre a Dahw-Fundhans

A Associação Alemã de Assistência aos acometidos pela hanseníase e Tuberculosos (DAHW –Deutsche Lepra – und Tuberkulosehilfe) é uma organização não- governamental fundada em 1957 na cidade alemã de Würzburg. Com recursos provenientes de doadores físicos e privados de toda Alemanha, a DAHW construiu ao longo de décadas uma sólida reputação de credibilidade e eficiência reconhecida mundialmente pela forma com que reconhece o ser humano paciente de hanseníase em sua totalidade. Atualmente a organização registra atividades em 20 países além do Brasil. www.nonono.com.br

Sobre a Fuam

A Fundação Alfredo da Matta é um centro de referência estadual, nacional e internacional nas áreas de Hanseníase, dermatologia tropical e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Certificada pela norma de qualidade ISO 9001, desde 2010, a Fundação Alfredo da Matta realiza ações de prevenção e atendimento a pacientes de Hanseníase e à população em geral que busca assistência em dermatologia clínica, DST/Aids e cirurgias dermatológicas, com o atendimento a pacientes com câncer de pele. www.fuam.am.gov.br