O Brasil é um dos poucos países que diagnosticam a hanseníase. É o segundo no ranking mundial da doença – atrás da Índia – e concentra mais de 90% dos casos novos diagnosticados nas Américas. Ainda assim, os especialistas alertam para uma endemia oculta de hanseníase com milhares de pacientes sem diagnóstico e sem tratamento, com a doença se agravando e transmitindo o bacilo causador da hanseníase a seus comunicantes. Uma das estratégias para controlar o problema é a certificação de especialistas em hansenologia.
O Exame de Suficiência para Obtenção de Certificado na Área de Atuação em Hansenologia 2024 será realizado em Salvador-BA, nos dias 6 e 7 de novembro, paralelamente à agenda do 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia, que acontece de 5 a 8 de novembro. Podem fazer as provas teórica e prática médicos das áreas de Dermatologia, Clínica Médica, Infectologia, Neurologia, Medicina de Família e Comunidade ou Medicina Preventiva e Social, e os aprovados receberão certificado emitido pela SBH (Sociedade Brasileira de Hansenologia) e AMB (Associação Médica Brasileira).
"Há décadas, as universidades brasileiras diminuíram ou suspenderam o ensino da hansenologia nos cursos superiores de medicina e de outras áreas ligadas à saúde porque até autoridades de saúde entenderam que a doença estava controlada. Com isso, profissionais de saúde, de agentes comunitários a médicos, deixaram de diagnosticar. O resultado é que os pacientes só são diagnosticados quando a hanseníase está em estágio avançado com sinais visíveis e sequelas que, muitas vezes, já incapacitam a pessoa e são irreversíveis”, explica o presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP.
Segundo ele, é comum o paciente ser atendido por inúmeros serviços de saúde com diversas queixas e, durante anos, receber diagnósticos de artrose, artrite, fibromialgia, micose ou mesmo enfarto – porque o bacilo causador da hanseníase provoca inflamação nos nervos. “Em tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença e pode ser curado sem sequelas se for diagnosticado precocemente”, alerta o especialista.
Para a SBH, a certificação de novos hansenologistas para atuarem no Brasil é uma necessidade urgente. “A hanseníase pode ser controlada, mas não erradicada. O aumento do número de diagnósticos e tratamento de pacientes quebra a cadeia de transmissão do bacilo, combate a endemia oculta de hanseníase, evita sequelas irreversíveis e confere dignidade às pessoas e famílias afetadas por essa doença.
A hanseníase tem tratamento gratuito. Pacientes paucibacilares (com poucos bacilos) podem receber alta em seis meses e os pacientes multibacilares podem ter alta em 12 meses. O tratamento é feito com um coquetel de antibióticos oferecido pelo SUS. O diagnóstico é clínico – o médico avalia sinais e sintomas do paciente e faz alguns testes, podendo pedir exames complementares.
SERVIÇO
18º Congresso Brasileiro de Hansenologia
Tema: Hansenologia nos países que compõem o BRICS+
Data: 5 a 8 de novembro
Local: Salvador-BA – Gran Hotel Stela Maris
Site: sbhansenologia
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