A SBH esteve representada na mesa “Hanseníase”, durante o XXIV Congresso Brasileiro de Infectologia (INFECTO 2025), que aconteceu de 16 a 19/9, em Florianópolis (SC). O infectologista e hansenologista Márcio Cesar Reino Gaggini (SP) provocou a plateia com a pergunta central da sessão: “Devemos discutir hanseníase em 2025?”. A resposta implícita do auditório e dos demais palestrantes foi afirmativa: apesar dos avanços no tratamento, a doença permanece relevante por suas implicações clínicas, sociais e programáticas, sobretudo em áreas endêmicas e entre populações vulneráveis onde o diagnóstico tardio e a subnotificação ainda comprometem a política pública.
A mesa reuniu especialistas de diferentes regiões do país para discutir diagnóstico, tratamento e os desafios do enfrentamento da doença no Brasil. A sessão — moderada por Cleyton Gregory Silva (SC) — trouxe quatro apresentações consecutivas que mapearam desde dúvidas básicas sobre a validade do tema no cenário contemporâneo até especificidades técnicas do manejo clínico.
Na sequência, a infectologista Letícia Rossetto da Silva Cavalcante (MT) abordou “Diagnóstico e tratamento dos surtos reacionais”, tema crítico para a prática dos hansenologistas. Sua apresentação destacou a importância da identificação precoce das reações — que podem causar danos neurais permanentes — e a necessidade de protocolos claros para o manejo imediato, incluindo uso racional de corticoterapia, imunossupressores quando indicados, e articulação com atenção primária para seguimento prolongado.
O infectologista e hansenologista Bruno Vitiritti Ferreira Zanardo (SC) trouxe o olhar laboratorial e tecnológico na palestra “Métodos complementares de diagnóstico na hanseníase”. Ele explorou o papel de exames complementares — desde padrões histopatológicos e técnicas moleculares até ferramentas de imagem e testes imunológicos emergentes — como suporte ao diagnóstico clínico, sobretudo em casos paucibacilares ou com apresentações atípicas. A mensagem central foi pragmática: métodos complementares são valiosos, mas não substituem o exame clínico e a formação da rede assistencial.
Encerrando as exposições, a hansenologista Danyenne Rejane de Assis (MT) debateu os “Desafios no tratamento: poliquimioterapia clássica e substitutivos”. O painel sublinhou questões práticas — adesão ao esquema, efeitos adversos, disponibilidade de fármacos e evidências para regimes alternativos — e ressaltou a necessidade de pesquisas e protocolos atualizados para orientar substituições quando houver intolerância ou falta de insumos.
A rodada final de discussão reuniu perguntas da audiência e fez a ponte entre ciência e serviços: preocupações com capacitação permanente de equipes de atenção primária, integração entre vigilância e assistência, estratégias para reduzir o estigma e garantir reabilitação funcional aos acometidos foram temas recorrentes. Houve consenso entre os participantes sobre um ponto-chave: hanseníase continua sendo um problema de saúde pública que exige articulação entre especialistas, gestores e atenção básica.
Relevância da participação de hansenologistas no INFECTO 2025
A presença de uma mesa dedicada à hanseníase em um congresso amplo de infectologia como o INFECTO 2025 reforça duas mensagens importantes. Primeiro, a hanseníase não é um tema “do passado”: seus desdobramentos clínicos, sociais e programáticos permanecem atuais e complexos. Segundo, integrar conhecimento especializado em eventos de infectologia multiprofissional favorece a difusão de boas práticas, estimula colaborações e eleva a atenção das políticas públicas.
Para a comunidade envolvida no atendimento e pesquisa da hanseníase, a mesa funcionou como termômetro: confirmou necessidades urgentes — capacitação, melhor acesso a métodos diagnósticos complementares, atualização de protocolos terapêuticos e reforço das estratégias de vigilância ativa — e apontou caminhos para maior articulação entre sociedades científicas, serviços e gestores.
Se o objetivo é reduzir incapacidades e interromper a cadeia de transmissão, os especialistas reunidos em Florianópolis deixaram claro que as respostas passam por integração de conhecimentos, investimento em formação e pesquisas aplicadas, e por políticas públicas que priorizem diagnóstico precoce e cuidado integral.
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