Nota de falecimento

Noêmi Garcia de Almeida Galan (2020)

O Instituto Lauro de Souza Lima, desde sua transformação em 1989, tem se caracterizado pela forte atuação na área da pesquisa em hanseníase e outras doenças tropicais negligenciadas. Para tal conta com um distinguido grupo de pesquisadores que abrangem uma vasta gama de interesses em investigação.

No dia 31 de março de 2020 tivemos a infausta notícia da perda de um desses pesquisadores, Noêmi Garcia de Almeida Galan.

Nascida em Bariri, em 1965, graduou-se em enfermagem na Universidade do Sagrado Corção em 1996, concluindo seu mestrado na UNESP de Botucatu em 2003. Tendo iniciado sua carreia no Instituto Lauro de Souza Lima em 1992, como auxiliar de enfermagem, passa para cargo de enfermeira em 1998, e participa do segundo concurso para a carreira de Pesquisador Científica em 2004.

Nessa condição inicia uma produtiva participação na vida científica do Instituto, salientando-se pelo cuidado e rigor com que conduzia seus trabalhos. Entre os trabalhos que participou ativamente, um dos que mais se salientaram foi o estudo sobre a qualidade de vida de pessoas afetadas pela hanseníase em asilos-colônia do estado de São Paulo e, principalmente, a condução do estudo envolvendo a análise da contribuição do modelo construtivista nas ações de controle da hanseníase. Além desses, sempre emprestou seu desprendido interesse em participar e auxiliar na formulação e execução de propostas de investigações de estagiários, principalmente de universidades do exterior, envolvendo questões de hanseníase na atenção básica e outros tópicos relativos à saúde coletiva.

Em 2012, foi convidada e não se furtou ao enorme desafio de reestruturar as atividades de ensino e treinamento do Instituto, implementando novos métodos e ampliando o escopo dessas atividades. Aqui se incluíam a Residência Médica em Dermatologia, os estágios com bolsa da FUNDAP, vários cursos de treinamento e acompanhar as inúmeras visitas acadêmicas ao Instituto, tanto da Brasil como do exterior.

Duas outras atividades obtiveram particular sucesso e brilho sob o olhar interessado dessa pesquisadora: o envolvimento do Instituto na popularização da ciência através dos programas Escola Estação Ciência de Bauru e o estimulo ao funcionamento, visitação e amplificação do acervo do “Museu Silas Braga Reis”, que guarda importante acervo documental e iconográfico da vida do Instituo, do Asilo-colônia Aymorés e da hanseníase no estado de São Paulo.

Assim, se lastimamos profundamente a precoce perda dessa personalidade ímpar, nos resta o consolo que sua presença na vida do Instituto e de seus colegas e amigos está magistralmente e indelevelmente registrada em cada recanto de nossa vida institucional. Muito ainda poderia nos proporcionar, mas o que deixou permite-nos agradecer sua constante doação pessoal e afirmar que sua existência foi valiosa.

Marcos Virmond