Presidente da SBH fala em ação dos BRICS+ contra a hanseníase

Boa noite a todos.

É uma honra estar presidente deste 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia. Porque ele é um marco – com o perdão do trocadilho.

Aqui, em Salvador, estamos lançando as bases para um diálogo além das nossas fronteiras. Temos visto um cenário cada dia mais triste no que diz respeito à hanseníase. E concluo que todo nosso esforço, nossos artigos, nossas entrevistas, nossas manifestações junto a governos, nosso apelo para que se fale sobre a hanseníase, nossa luta para formar especialistas, para que as universidades ensinem hanseníase, as inúmeras ações junto às populações mais necessitadas, não são em vão.

Mas o problema aumenta em proporção e estamos nos vendo como no mito de Sísifo, rolando eternamente uma pedra morro acima. E ela sempre cai para recomeçarmos a jornada eternamente. Mas essa não é uma batalha invencível. Não é invencível exatamente por causa de nós todos. Por causa de cada agente de saúde, cada enfermeiro, médico, os estudantes, pesquisadores, por causa de gente que abraçou essa causa. E posso dizer que essa gente que abraçou a causa é uma gente diferenciada porque não se cansa.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Hansenologia agora quer e vai abrir uma frente de ação em parceria com os países do BRICS+. Nosso objetivo é estabelecer uma estratégia conjunta nesta batalha contra a hanseníase. E ter novas vozes para reforçar nosso mantra de que somos todos contra a hanseníase. Por isso, o tema do 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia é Hanseníase nos países do BRICS+.

O Brasil pode e deve liderar uma ampla discussão entre países que ainda têm a hanseníase como problema de saúde pública. Pela experiência que temos aqui, pelos centros de pesquisa importantíssimos liderados por muitos especialistas e pesquisadores que aqui estão, ou que são fortemente ligados à SBH, e por isso mesmo compartilham de uma mesma filosofia de trabalho. Podemos e devemos acreditar que um dia não teremos de derrubar lágrimas por causa de um pai que perde seu trabalho e o sustento da família para um bacilo já conhecido e por causa de um preconceito tão grave quanto a doença.

Na história da humanidade, muitas lutas em defesa das minorias, das pessoas exploradas, dos cidadãos excluídos foram vencidas porque um grupo pequeno não se conformou. Somos um grupo pequeno, mas somos fortes e, por isso, somos o pequeno exército que pode mudar o curso dessa história.

Nosso esforço é para conferir dignidade a cidadãos do mundo que ainda esperam por um diagnóstico. Não podemos conviver em paz enquanto outras nações ainda sofrem com a hanseníase. Por isso, hoje, quero fazer um agradecimento a cada um aqui presente. Desta vez, não como presidente da SBH, mas como cidadão brasileiro que olha para o paciente como mais um cidadão brasileiro que tem o direito constitucional à saúde, mas chega para nós, infelizmente, já sequelado. Por isso, como conheço todo mundo aqui nesta sala – uns mais, outros menos – quero começar externando meu respeito a todos os que abraçam a hanseníase como uma causa. Isso é o que faz toda a diferença.

Esta causa pede um olhar para o ser humano como cidadão do mundo clamando por um direito que é básico e possível. Nossa luta é contra uma doença negligenciada que castiga muitos povos, em muitos idiomas diferentes, de mundos e culturas diversos, mas todos têm a saúde como um direito básico e esperam por isso.

E não posso deixar de ressaltar aqui alguns avanços necessários para o combate à hanseníase avançar, como a formação de especialistas que iniciamos no Mato Grosso, as novas tecnologias como USNP for DNA/RTPCR RNA e novos marcadores sorológicos, mas, acima de tudo, mais empatia para com os que sofrem.

Por fim, agradeço à minha diretoria e comissão organizadora e científica que fizeram este evento acontecer. E agradeço a todos vocês.