Em sua mensagem para o 10º Simpósio Brasileiro de Hansenologia, o dermatologista Claudio Salgado, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) e do simpósio, alerta que inúmeras localidades no Brasil, em países vizinhos e no mundo estão silenciosas para a hanseníase e todos os estudos nesta área apontam que a capacitação de profissionais leva ao aumento do diagnóstico da hanseníase, um dos requisitos fundamentais para o controle da doença que ainda está longe de ser controlada.
“Caros colegas, sejam todos bem-vindos ao 10º Simpósio Brasileiro de Hansenologia!
Um ano se passou desde o nosso memorável Congresso dos 70 anos da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), em Palmas, capital do Tocantins. Somos uma sociedade madura, porém, de alma jovem, atuante e questionadora, que aos 71 anos resolve trazer para o Recife, capital do estado de Pernambuco, um dos estados mais importantes na epidemiologia da hanseníase no Brasil, o 10º Simpósio Brasileiro de Hansenologia.
Uma vez escolhido o local, começamos a pensar no tema do simpósio. Poderíamos priorizar a gravíssima situação de aumento no número de cepas resistentes aos antibióticos da poliquimioterapia, já em sua longa trajetória de confronto com o Mycobacterium leprae, ou a falta de acesso dos pacientes a reabilitação como um todo, física, mental e espiritual, holística, que proporcione dignidade ao ser humano. Resolvemos focar mais uma vez no diagnóstico precoce, prevenção e quebra da cadeia de transmissão, em razão da gigantesca endemia oculta mundial que estamos vivenciando há alguns anos.
Como juntar tudo isso em um tema só? Teríamos que chamar a atenção para um dos pilares da hanseníase, a razão das incapacidades físicas e de todo o estigma e preconceito: a invasão do M. leprae ao sistema nervoso periférico, com a consequente degeneração neural, em uma doença de um grande apelo visual, com suas exuberantes e muitas vezes desfigurantes lesões da pele. A hanseníase é uma doença que se inicia nos nervos, uma doença primariamente neural.
E temos cada vez mais ferramentas para avaliar esse dano causado ao nervo, mesmo antes de surgirem as clássicas lesões da pele. Eletroneuromiografia e ultrassom, sorologia e biologia molecular já nos auxiliam a definir melhor os casos. A questão já nem é mais se estas ferramentas são importantes, a questão é como fazer com que cheguem a quem mais precisa, nos bolsões de pobreza, nos agregados urbanos, nos rincões rurais deste país e mundo afora.
Tudo isso aliado à clínica. Descemos um andar. Já não podemos mais depender somente de diagnósticos visuais. Slides apenas não nos servem mais. É necessário tocar nos pacientes, como sempre fizeram os bons hansenólogos do passado. Sentir o nervo, testar a força e a sensibilidade com todos os instrumentos disponíveis, do algodão aos monofilamentos.
Quem um dia disse que hanseníase é fácil de diagnosticar nunca conversou com um paciente, nunca palpou um nervo periférico ou muito menos avaliou a sensibilidade de um dermátomo, e ficou na dúvida. Discutam, questionem, duvidem, mas saibam ouvir, construam, estendam as mãos. Assim funciona a ciência. Só assim conseguiremos avançar rumo à verdadeira eliminação da hanseníase, único caminho possível para também eliminar o estigma e o preconceito.
Um bom simpósio a todos!
Claudio Guedes Salgado
Presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia e do 10º Simpósio Brasileiro de Hansenologia”
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