A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) convidou países que ainda não eliminaram a hanseníase como problema de saúde pública a somarem esforços para agirem conjuntamente. O chamado foi feito em discurso proferido pelo vice-presidente da entidade, Francisco Bezerra de Almeida Neto, na sessão “Combate à Hanseníase e Doenças Negligenciadas no G20 Social: Um Compromisso no Eixo de Erradicação da Fome, Desigualdade e Pobreza”, organizada pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), dia 15/11, antecedendo a 19ª reunião de cúpula do G20, que aconteceu nos dias 18 e 19/11, no Rio de Janeiro-RJ.
O presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade, ressalta que o Brasil tem ferramentas desenvolvidas por centros de pesquisa nacionais e estratégias de enfrentamento à doença acessíveis e replicáveis que podem ser compartilhadas com países que ainda têm a doença como problema de saúde pública. “Não adianta quebrarmos a cadeia de transmissão do bacilo de Hansen internamente esquecendo cidadãos de outras nações padecendo dessa doença”, alertou.
A sessão do G20 Social gerou um documento com recomendações para o controle de doenças negligenciadas, como a hanseníase, assinado pelas entidades participantes da sessão do G20Social e encaminhado à organização geral do evento.
São signatários do documento intitulado “Combate à Hanseníase e Doenças Negligenciadas no G20 Social: Um Compromisso no Eixo de Erradicação da Fome, Desigualdade e Pobreza”, o Morhan, SBH, Secretaria da Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Programa Brasil Saudável: Unir para cuidar (desdobramento das ações do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente), fa.vela, Rede Hans Br-RJ (Rede Universitária Estadual para o Enfrentamento da Hanseníase), União Brasileira de Mulheres, Organização de Direitos Humanos Projeto Legal e Fundação Sasakawa (entidade com sede no Japão que atua no combate à hanseníase em diversos países, incluindo o Brasil).
Hanseníase nos BRICS+
Antes do G20 Social, a SBH tratou da questão da hanseníase nos países que compõem os BRICS+ no 18º Congress Brasileiro de Hansenologia, de 5 a 8 de novembro, em Salvador, em sessão especial com representantes diplomáticos de alguns países do bloco.
“Hanseníase é uma doença curável, com tratamento gratuito no Brasil e no mundo, a medicação é fornecida pela OMS, mas muitos países ainda têm essa doença sem controle. O Brasil é um dos países que mais diagnosticam hanseníase por um esforço dos hansenologistas brasileiros que formam um grupo respeitado mundialmente, inclusive liderando pesquisas importantes, e ainda assim enfrentamos uma endemia oculta, que são milhares de casos ainda não diagnosticados, enquanto pacientes seguem sofrendo e transmitindo hanseníase, o que é lamentável nos tempos atuais, e muitos países ainda nem estão diagnosticando a doença”, alerta o presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, coordenador de um dos mais avançados centros de pesquisa sobre a doença em Ribeirão Preto e coordenador de um projeto de capacitação e treinamento de médicos asiáticos a convite do Ministério da Ciência e Tecnologia da China.
Estratégia brasileira
A doença
A hanseníase é uma doença neural, o bacilo transmissor afeta os nervos, causando inflamação. A ação do bacilo é lenta – pode levar de 5 a 10 anos até que a doença se instale e se torne visível. O paciente pode sentir formigamentos, dores pelo corpo e, com nervos inflamados, pode ter alterações na sensibilidade da pele. Com o tempo, perde força para segurar objetos. Podem surgir na pele manchas esbranquiçadas ou avermelhadas com perda de pelos e de sensibilidade.
Hanseníase no Brasil
Diagnósticos de hanseníase aumentam em todo o mundo e Brasil é o país com a maior taxa de prevalência da doença (percentual de diagnósticos de casos novos a cada 100 mil habitantes). 22.773 novos doentes de hanseníase foram diagnosticados no país em 2023, segundo o último boletim epidemiológico da OMS, um aumento de 4% em comparação com 2022. Lembrando que, apesar de ser um dos países que mais diagnosticam a doença, a SBH vem denunciando a autoridades brasileiras e estrangeiras que o país sofre de uma endemia oculta de hanseníase – milhares de casos sem diagnóstico e tratamento, o que é comprovado pelo alto percentual de diagnósticos tardios, registrados em pacientes com sequelas incapacitantes e irreversíveis. Apesar do aumento, o Brasil ainda não consegue diagnosticar casos novos no ritmo pré-pandemia de Covid19, que chegou a cerca de 30 mil casos/ano.
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