SBH participa do workshop “A hanseníase não acabou. E você precisa saber disso!”

A hanseníase não acabou: Workshop debate estratégias e reforça a importância da conscientização e capacitação para o controle da hanseníase

Na tarde do dia 18 de fevereiro de 2025, o auditório Fabrício Ramos Couto, no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), foi palco de um importante encontro sobre a hanseníase. Promovido pela Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais e dos Direitos Humanos de Belém, do Ministério Público do Pará, o workshop “A hanseníase não acabou. E você precisa saber disso!” reuniu especialistas, representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN) e profissionais de saúde para discutir estratégias de enfrentamento à doença.

Um evento pautado pela união de saberes

A Sociedade Brasileira de Hansenologia participou ativamente do evento, demonstrando seu compromisso com o avanço do conhecimento e a humanização do atendimento aos portadores da hanseníase. A programação contou com seis sessões, cada uma abordando diferentes aspectos do enfrentamento da doença:

1. O Papel do Ministério Público no acompanhamento e fomento de Políticas Públicas para o controle da hanseníase. A sessão, conduzida pela Exce. Dra. Elaine Carvalho Castelo Branco (MPE), destacou o papel fundamental do Ministério Público na promoção e fiscalização das políticas públicas, reforçando a importância da proteção dos direitos constitucionais fundamentais e dos direitos humanos no contexto da hanseníase.
2. “A hanseníase não acabou. E você precisa saber disso”. O Prof. Dr. Claudio Guedes Salgado, da UFPA e assessor de relações internacionais da SBH, ressaltou que, apesar dos avanços, a hanseníase ainda persiste e demanda ações contínuas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, com tecnologia epidemiológica, clínica e de exames complementares implantada da Atenção Primária à Saúde às referências de hanseníase. Enfatizou ainda a necessidade de formação de novos hansenologistas no estado do Pará, aos moldes do que está acontecendo no estado do Mato Grosso, como resultados importantes no contexto do controle da hanseníase.
3. A perspectiva do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN). Sr. Edmilson Picanço trouxe à tona a importância da reintegração social dos indivíduos afetados pela doença, destacando os desafios enfrentados no século XXI e a necessidade de políticas inclusivas.
4. Casos de hanseníase no Hospital João de Barros Barreto. O Prof. Dr. Pablo Diego do Carmo Pinto, representando a UFPA e a SBH na região Norte, compartilhou experiências e dados clínicos do atendimento à hanseníase, ressaltando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
5. Casos de hanseníase na URE Marcello Candia. A Fisioterapeuta e Mestre Terezinha de Jesus Carvalho Araújo Filha, sócia da SBH, apresentou os desafios e as práticas adotadas na Unidade de Referência em Reabilitação (URE) Marcello Candia, destacando o papel da reabilitação no tratamento da doença. Ela ressaltou ainda a contínua chegada de pacientes com deficiência em todas as faixas etárias, de crianças de 5 anos a idosos.
6. A hanseníase no contexto do hemocentro do Pará. A Biomédica e Mestre Erika Vanessa Oliveira Jorge, do HEMOPA, abordou a relevância do hemocentro na detecção de casos, reforçando a integração entre diversas áreas da saúde no combate à hanseníase.

Dados alarmantes e a necessidade de capacitação

Em uníssono, as instituições presentes no evento (Laboratório de Dermato-Imunologia da Universidade Federal do Pará, Unidade de Referência em Reabilitação - URE Dr. Marcello Candia, Hospital Universitário João de Barros Barreto, Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará - HEMOPA, Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase - MORHAN e a Sociedade Brasileira de Hansenologia) apresentaram resultados que demonstram claramente que a endemia de hanseníase é muito superior aos dados oficiais divulgados. Esse cenário alarmante ressalta a urgência de um empenho conjunto para a capacitação dos profissionais da atenção primária, capacitando-os a reconhecer, diagnosticar, tratar e acompanhar os pacientes e suas famílias de forma eficaz e humanizada.

Uma intensificação de ações e conscientização

Em consonância com os esforços do Ministério Público do Pará, que intensifica ações de conscientização sobre a hanseníase na região, o evento evidenciou a urgência de manter o debate e intensificar ações sobre a doença. Segundo informações divulgadas pelo MPPA, iniciativas de sensibilização e a promoção de políticas públicas são fundamentais para reduzir o estigma e melhorar a qualidade de vida das pessoas atingidas pela hanseníase. A integração entre órgãos públicos, sociedade civil e entidades especializadas fortalece a rede de apoio e impulsiona a implementação de medidas que visam tanto o controle da hanseníase quanto a garantia dos direitos humanos.

Conclusão

O workshop “A hanseníase não acabou. E você precisa saber disso!” reforçou que, apesar dos avanços no combate à doença, a hanseníase continua sendo um desafio de saúde pública. A troca de experiências e o debate multidisciplinar evidenciaram a necessidade de ações coordenadas e integradas para a prevenção, o tratamento e a reintegração dos portadores da hanseníase.

A Sociedade Brasileira de Hansenologia alerta para a necessidade de intensificação de ações de busca ativa focadas no diagnóstico precoce da doença, evitando o agravamento das lesões, deformidades e incapacidade que mantém a cadeia de transmissão da doença e o estigma contra as pessoas atingidas pela hanseníase na sociedade.

Para aqueles que desejam aprofundar o tema e rever as apresentações, a sessão completa pode ser assistida no YouTube: Assista a sessão completa