Senado e Câmara iluminam fachada de roxo para campanha Todos contra a Hanseníase

O Congresso Nacional inaugura dia 26 de janeiro a iluminação das fachadas do Senado, Câmara e Anexo I, conhecido como torres gêmeas, para a campanha nacional “Todos contra a Hanseníase”, da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). A iluminação segue orientações do mês Janeiro Roxo, dedicado a ações de conscientização sobre essa doença que coloca o Brasil em segundo lugar no ranking mundial em números absolutos de casos – atrás da Índia. Porém, no quesito “taxa de detecção”, que é o percentual de novos diagnósticos a cada 100.000 habitantes, o Brasil é o país que mais notifica a doença no mundo.

Até o dia 30 de janeiro, Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas, e a hanseníase é uma delas, as fachadas recebem a tonalidade roxa de 146 holofotes. O encaminhamento do pedido para a iluminação foi feito pelo senador Fabiano Contarato (PT).

“A iluminação de monumentos é uma estratégia poderosa de conscientização porque dialoga diretamente com vários públicos de interesse e ressalta que o tema pede atenção da sociedade”, comenta o hansenologista Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da SBH. A campanha “Todos contra a Hanseníase” é uma das estratégias criadas para a sociedade médica pela urgência em compartilhar conhecimento sobre sinais e sintomas da hanseníase e combater o preconceito, problema que compromete, inclusive, o processo de eliminação da doença como problema de saúde pública no Brasil.

A questão do preconceito é tão grave que muitos pacientes desacreditam do diagnóstico e outros abandonam tratamento por causa do estigma dentro de seus grupos, inclusive família. Ainda há editais de contratação de pessoal no Brasil proibindo participação de pessoas afetadas pela doença, sendo que exatamente quem está em tratamento já não transmite o bacilo a seus contatos e não há necessidade de afastamento. Mesmo assim, muitos trabalhadores são demitidos, crianças são tiradas da escola e cidadãos continuam sendo afastados do convívio social. Sobre esse assunto, a sociedade médica fez um relatório de mais de 40 páginas listando vários tipos de preconceitos em prática no país e entregou pessoalmente à Relatoria das Nações Unidas que trata da Discriminação contra Pessoas Atingidas pela Hanseníase.

O que é hanseníase

É uma doença neural. Como o bacilo de Hansen agride os nervos, o paciente o apresenta neurodegeneração periférica, com alteração de sensibilidade na pele e diminuição de força na face, mãos e pés, que podem ser acompanhados de manchas irregulares avermelhadas ou esbranquiçadas pelo corpo. Em algumas áreas da pele pode haver perda de pelos, diminuição e até perda total de sensibilidade e ausência total ou parcial de suor, entre outros sintomas.

A perda de sensibilidade causa inúmeras dificuldades ao paciente em suas rotinas diárias. A pessoa pode se machucar e não sentir, passa a ter dificuldades para segurar objetos, para perceber frio ou calor, o que leva a acidentes domésticos como, por exemplo, queimaduras na rotina de cozinhar, além de dificuldades para ações simples como abotoar a roupa, manipular talheres etc.

Esses pacientes passam por inúmeros serviços de saúde e não raro são diagnosticados com doenças como artrite artrose, fibromialgia, túnel do carpo, além de várias outras enfermidades.

Para saber sobre sinais e sintomas da doença, a SBH disponibiliza um questionário de 14 perguntas para autoavaliação de sinais e sintomas da doença que está agilizando o rastreio de casos pelo país.

Campanha
A campanha “Todos contra a Hanseníase”, que completa uma década em 2025, têm ênfase no mês Janeiro Roxo, mas é realizada continuamente durante todo o ano. É parceira da ação global NTD World Day (Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas), celebrado dia 30 deste mês com ações em todo o mundo. A campanha tem vários parceiros, como Rede Globo, ARTESP e concessionárias de rodovias paulistas, TV Doutor, Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária com Ênfase em Hanseníase/USP Ribeirão Preto, dentre outros.