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Sociedade Brasileira de Hansenologia pede ações para controle da endemia oculta de hanseníase no G20 Social

Publicação: 15/11/2024
Sociedade Brasileira de Hansenologia pede ações para controle da endemia oculta de hanseníase no G20 Social
Francisco Almeida, Ciro Martins Gomes e Moisés Silva

A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) marco presença na atividade "Combate à Hanseníase e Doenças Negligenciadas" no G20 Social, um movimento que reúne atores não governamentais para discutir e promover ações contra a fome, desigualdade e pobreza. A atividade acontece nesta sexta-feira, 15 de novembro, antecedendo a Cúpula de Líderes do G20, e é organizada pelo MORHAN.

Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da SBH, diz que “a participação da Sociedade Brasileira de Hansenologia é um marco significativo para dar voz aos milhares de cidadãos afetados pela doença e pelo preconceito, muitos deles seres estatísticos do que chamamos de endemia oculta; ou seja, milhares de pessoas portadoras da hanseníase há anos, sem diagnóstico, sem tratamento e agravando sequelas que podem se tornar incapacitantes e irreversíveis por uma doença tratável e curável”.

A atividade no G20 Social será uma oportunidade para a Sociedade Brasileira de Hansenologia compartilhar suas experiências e conhecimentos, contribuindo para a formulação de políticas públicas mais eficazes e inclusivas. O evento também contará com a participação de outras organizações da sociedade civil, que juntas formarão um panorama rico de trocas de experiências e novos caminhos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

O médico dermatologista e hansenólogo Francisco Bezerra de Almeida Neto, vice-presidente da SBH, fará a leitura do pronunciamento da sociedade médica no G20 Social.

O G20 Social acontece no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro, das 14h às 15h.

Pronunciamento da Sociedade Brasileira de Hansenologia na sessão "Combate à Hanseníase e Doenças Negligenciadas" no G20 Social

A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), fundada em 1948, encontra-se hoje bastante feliz e agradecida em poder participar deste Fórum Social do G-20.

Há uma semana realizamos o 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia, lançando as bases para um diálogo além das nossas fronteiras, cuja temática foi “Hanseníase nos países do BRICS+”, e contamos com a participação do embaixador da Etiópia e representante diplomático da China, o primeiro com situação epidemiológica de alta endemia enquanto a China demonstrou aplicação de novas tecnologias para melhorar a assistência de seus pacientes, como teste genético para evitar a síndrome de hipersensibilidade à dapsona que pode levar pacientes à morte.

Temos visto um cenário cada dia mais triste no que diz respeito à hanseníase, no entanto, todo nosso esforço, nossos artigos científicos, nossas entrevistas, nossas manifestações junto a governos, nosso apelo para que se fale sobre a hanseníase, nossa luta para formar especialistas, para que as universidades ensinem hanseníase e as inúmeras ações junto às populações mais necessitadas, não são em vão.

Mas o problema vem aumentando em proporção e estamos, às vezes nos sentindo e nos vendo como no mito de Sísifo, rolando eternamente uma pedra morro acima que sempre cai para recomeçarmos a jornada eternamente. Mas essa não é uma batalha invencível.

O Brasil pode e deve liderar uma ampla discussão entre países que ainda têm a hanseníase como problema de saúde pública, além de trazer uma forte mensagem de atenção à endemia oculta nos países que se dizem livres da hanseníase.

Pela experiência que temos aqui, pelos centros de pesquisa importantíssimos liderados por muitos especialistas e pesquisadores que aqui estão, ou que são fortemente ligados à SBH, e por isso mesmo compartilham de uma mesma filosofia de trabalho, podemos e devemos acreditar que um dia não teremos de derrubar lágrimas por causa de um pai que perde seu trabalho e o sustento da família para um bacilo já conhecido e por causa de um preconceito tão grave quanto a doença.

Na história da humanidade, muitas lutas em defesa das minorias, das pessoas exploradas, dos cidadãos excluídos foram vencidas porque um grupo pequeno não se conformou. Somos um grupo pequeno, mas nossa sociedade médica reúne pesquisadores renomados no Brasil e no exterior, mantemos conversações permanentemente com as principais sociedades médicas ligadas à Hansenologia no mundo, dialogamos com as sociedades médicas brasileiras das áreas afins, temos pesquisa de ponta em Hansenologia e já vimos aplicando na prática tecnologia e estratégias acessíveis, baratas e replicáveis para o enfrentamento da hanseníase e, por isso, temos ciência de que podemos contribuir legitimamente com o esforço no Brasil e em outros países – o que já vimos fazendo, mas podemos ampliar esses esforços. 

Nosso esforço é para conferir dignidade a cidadãos do mundo que ainda esperam por um diagnóstico. Não podemos conviver em paz enquanto outras nações ainda sofrem com a hanseníase.

Por isso, hoje, como cidadão brasileiro que olha para o paciente como mais um cidadão brasileiro que tem o direito constitucional à saúde, mas chega para nós, infelizmente, já sequelado, aproveitamos para externar nosso respeito a todos os profissionais e membros da sociedade que abraçam a hanseníase como uma causa. Isso é o que faz toda a diferença.

Em estudo recente, dentre os mais de 560 mil casos novos de hanseníase diagnosticados de 2000 a 2019 no Brasil, aproximadamente 18% se utilizaram da previdência social (INSS) e isso gerou um impacto atualizado de mais de R$ 5 bilhões aos cofres públicos, um gasto exorbitante para uma doença infecciosa que tem cura e tratamento gratuito no mundo quando se chega cedo no diagnóstico e tratamento.

A causa da hanseníase pede um olhar para o ser humano como cidadão do mundo clamando por um direito que é básico e possível. Nossa luta é contra uma doença negligenciada que castiga muitos povos, em muitos idiomas diferentes, de mundos e culturas diversos, mas lutamos por todos que têm a saúde como um direito básico e esperam por isso.

Diante disso, a SBH não pode deixar de ressaltar aqui sobre avanços necessários para o combate à hanseníase galgar novos degraus não somente no Brasil, mas em vários países que lutam contra as desigualdades, a miséria e certamente contra outras doenças negligenciadas como a hanseníase. Precisamos avançar com incentivo à  formação de novos especialistas – e aqui, vale ressaltar que a Sociedade Brasileira de Hansenologia lançou, depois de 40 anos, o primeiro curso de formação de médicos especialistas em Hansenologia exclusivo para médicos do SUS, no Mato Grosso, com duas turmas já formadas –, e temos de avançar também no reconhecimento das formas mais precoces da hanseníase, assim como a luta para implementação de novas tecnologias como ultrassom de nervos periféricos, exames de DNA/RTPCR-RNA para encontrarmos material genético e confirmação de viabilidade do bacilo da hanseníase, novos marcadores sorológicos para identificarmos pacientes mais precoces, além de investimentos em novas drogas antimicrobianas tendo em vista que há apenas um esquema de tratamento para hanseníase com uso há mais de 40 anos e apresenta sinais de resistência em nossa rotina.

Novos investimentos em pesquisa são necessários para evitarmos as interrupções de tratamento por falta de medicações e que tanto incapacitam os pacientes, investimentos em vacinas que garantiriam o alcance do controle da doença de fato, mas acima de tudo, políticas de atenção às ações desumanas que aumentam a discriminação e isolamento dos pacientes portadores de hanseníase e, ainda hoje, os excluem do convívio normal na sociedade.

Por fim, reforçamos nossos agradecimentos pela oportunidade de a SBH estar representada neste evento e ter voz para trazer os apelos dos nossos hansenologistas e de milhares de famílias afetadas por esta doença tratável e curável para que possamos ter serviços de saúde capacitados e treinados para o reconhecimento da hanseníase cada vez mais precoce, para que o Brasil seja exemplo em controle dessa doença e em conferir dignidade aos seus cidadãos e para que nós, hansenologistas, possamos contribuir com países que ainda nem diagnosticam a doença, mas suas populações seguem vitimadas pela hanseníase.

A parceria entre países que ainda não eliminaram a hanseníase como problema de saúde pública será amplamente debatida no 19° Congresso Brasileiro de Hansenologia cujo tema é “Hanseníase na Tríplice Fronteira”, de 23 a 26 de novembro de 2025, em Foz do Iguaçu-Paraná, e convidamos os interessados a somar conosco nesse debate.

Obrigado a todos!

Marco Andrey Cipriani Frade                        Francisco Bezerra de Almeida Neto
Presidente SBH                                                                                 Vice-presidente SBH

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