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Hansenologista brasileiro apresenta novo tratamento contra hanseníase

Publicação: 01/12/2022
Hansenologista brasileiro apresenta novo tratamento contra hanseníase
Marco Anndrey

Especialista mostra resultados de modelo eficiente até contra formas mais resistentes do bacilo causador da hanseníase nos maiores congressos de hansenologia

Dermatologista e hansenologista, o médico Marco Andrey Cipriani Frade desenvolveu um novo esquema de tratamento contra a hanseníase que tem mostrado efetividade até contra formas mais resistentes da doença. O modelo de tratamento acaba de ser apresentado no maior congresso mundial sobre o tema – o 21° Congresso Internacional de Hanseníase, em Hyderabad (Índia) – e é tema de palestra no 16º Congresso Brasileiro de Hansenologia, em dezembro, em Vitória/ES, evento que também recebe os maiores especialistas brasileiros e estrangeiros.


No Brasil, 8,5% dos pacientes submetidos ao tratamento convencional apresentam bacilo resistente à Rifampicina – entre os casos novos, o percentual de resistência sobe para 15,6% –, que é a droga mais bactericida do esquema poliquimioterápico (PQT) usado há 40 anos no protocolo SUS para tratar o paciente de hanseníase. Os dados são de um estudo divulgado em 2018, pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que avaliou o DNA de 600 amostras do bacilo causador da doença colhidas em diferentes partes do todo o mundo.

Desde 2015, a equipe do médico Marco Andrey, vice-presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hansenologia) e docente da Faculdade de Medicina-USP Ribeirão Preto, tem desenvolvido um modelo de tratamento que inclui medicamentos mais modernos – além da Rifampicina, também Moxifloxacina, Claritromicina e Minociclina – que têm se mostrado mais eficientes. Em pacientes resistentes, que estão com a doença ativa e em evolução, os marcadores genéticos foram encontrados positivos em apenas 2,1% da amostra.

De acordo com o hansenologista, o trabalho com o novo modelo tem sido feito às custas de doações de pacientes, porque os medicamentos são de alto custo e não estão disponíveis no SUS. “E esse projeto não foi aceito para ser subsidiado pelo Ministério da Saúde quando o submetemos a aprovação, em 2020. O objetivo era ter um número maior de pacientes e, consequentemente, uma melhor forma de avaliar os resultados”, conta Marco Andrey.

Para o médico, que também é coordenador do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária com Ênfase em Hanseníase do HC Ribeirão Preto, os governos deveriam estar mais preocupados em atualizar os protocolos de tratamento da doença, porque o risco de transmissão do bacilo resistente, que não vai responder ao protocolo convencional já em uso há 40 anos, é muito grande. Há estudos, já divulgados em várias publicações científicas brasileiras e estrangeiras, mostrando altos índices no Brasil de falência de tratamento (quando o paciente conclui o tratamento, mas ainda apresenta bacilos vivos) ou recidiva (volta da doença em algum momento posterior, após alta médica) por causa de cepas resistentes. “Por isso estamos investindo também em novo esquema de tratamento, que é o Rimoxiclamin”, acrescenta o médico.

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